Capítulo VIII - Carga errada


Como vocês já puderam ver Pardal e Lucinho podiam até ser engraçados em alguns momentos, simpáticos, mas eram criminosos do tipo que não tinham nenhuma pena da vida humana matavam, estupravam, barbarizavam rindo então não devem ter nenhum motivo de pena ou “torcida”. Muitas pessoas passam pro problemas na vida, Lucinho foi pior que nem por isso passou e essas pessoas não se perderam ou fizeram mal a outras. Não sou nenhum exemplo de retidão ou caráter, mas precisava escrever isso.
Bem..voltando vaca fria..conseguimos voltar para o Rio de Janeiro cheios de histórias pra contar e drogas compradas. Eu cada vez mais me desviada da minha condução moral, mas ainda conseguia manter a de jornalista já que nem sempre as duas andam juntas. Levei para o jornal o material que fiz na Colômbia e enquanto a galera da redação comemorava ainda perguntei de deboche pro chefe se ele preferia que eu cobrisse eleição de poodle mais bonito de Vila Valqueire.
Consegui escrever a matéria de uma forma que ninguém desconfiasse que fui até a Colômbia como convidado do tráfico carioca, pegaria mal pra mim e poderia me dar uns anos de cadeia. Contei que fui graças a uma fonte junto ao Cartel que me aproximou deles e assim consegui fazer minha reportagem. Graças a esse anonimato que protege as fontes basta jornalista jogar a culpa de tudo nelas que sai limpo.
A matéria fez muito sucesso, até Juliana disse que ficou orgulhosa de mim, mas mantinha-se preocupada. Falou que a matéria era muito boa e eu um ótimo jornalista, mas que eu estava mentindo. Retruquei que ela estava paranóica e eu estava apenas cumprindo o meu dever, mas ela não acreditou. Juliana sempre foi muito esperta.
Contamos pra Pardal tudo o que ocorreu e ele gargalhava me zoando que eu que pego ninguém tinha que me meter justo com a mulher do chefão falou também que viu o jornal e a matéria ficou muito boa só ficou puto que eu não falei que tinha uma carga chegando pra ele. Perguntei se ele estava maluco que se eu falasse isso entregaria nossa ligação e faria a polícia abrir o olho. Pardal riu e disse que a polícia era dele.
A carga com as toneladas de drogas vinha para o Brasil em dois caminhões e já estava pra chegar. Ela é a personagem principal desse capítulo junto com um simples caminhoneiro e a partir de agora vou explicar pra vocês por que.
Pra contar e vocês entenderem vou falar um pouco de uma pessoa, desse caminhoneiro de nome Eusébio.
Eusébio era um brasileiro comum, não nasceu em família rica como Lucinho nem na extrema pobreza como Pardal. Nasceu quarenta anos atrás em Recife, Pernambuco. Pertencia a classe média aquela que sempre tem que fazer contas para pagar suas dívidas no fim do mês e que na verdade sustenta nosso país.
Era o quinto de oito irmãos e seu pai tinha um bar no centro da cidade, sua mãe costurava pra fora e ajudava o marido no bar assim como os filhos. Assim Eusébio ainda menino foi trabalhar como garçom e lavando pratos e copos. De manhã estudava em um colégio público, apesar dos colégios públicos do Brasil serem uma porcaria era preciso porque não tinha como o pai pagar particular pra oito.      
Como disse de manhã ele estudava e de tarde ajudava o pai. Com o tempo o pai começou a fazer quentinhas no bar e Eusébio fazia as entregar de bicicleta. Era muita ralação da família, mas orgulho também de nenhum deles ter se perdido na vida, todos se transformaram em pessoas de bem.
Eusébio cresceu e adolescente largou os estudos, trabalhou mais um pouco com o pai até fazer vôo próprio trabalhando em super mercado. Fez de tudo um pouco na vida até que decidiu que era hora de deixar Pernambuco, queria se tornar torneiro mecânico e para isso foi morar no ABC Paulista deixando a família pra trás.
Chegou a São Bernardo do Campo fez curso pra torneiro mecânico e com o diploma na mão conseguiu emprego numa fábrica de automóveis. Trabalhava muito se tornando um dos melhores e conseguindo juntar um dinheirinho que mandava pra sua família em Recife..esse dinheiro foi muito necessário ainda mais depois da morte do patriarca da família. Para Eusébio mesmo ficava só o básico e era só isso que ele necessitava.
Como todo jovem Eusébio gostava de se divertir, curtir a vida e saía com os rapazes do trabalho nas noites de sexta e sábado para ir ao forró. Lá dançava com as moças paquerava e algumas vezes conseguia dar uns beijos. Quando a noite acabava no zero a zero iam pra zona.
Numa noite dessas no forró ele conheceu o amor, conheceu Irene.
A paixão foi imediata assim que botou os olhos nela. Chamou pra dançar e foi assim a noite toda. Dançaram forró, as lentinhas que tocava às vezes no local e trocaram o primeiro beijo ao som de Gonzaguinha. Mas Irene não era igual às outras tinha o algo a mais. Pela primeira vez na vida Eusébio se apaixonara.
Namoraram durante um tempo e casaram. Irene tinha dificuldades de engravidar e essa era a frustração deles, mas assim mesmo tinham uma vida feliz até que uma grave crise atingiu o ABC.
Muitos trabalhadores foram demitidos entre eles Eusébio, foi a única vez na vida que eles deram graças a Deus por não ter filhos. Eusébio tentou de tudo, procurou fábrica, outros tipos de trabalho, mas nada. Os dois já estavam em uma situação preocupante quando resolveram que estava na hora de ir embora do ABC. Eusébio deu a idéia de voltarem pra Recife, mas Irene preferiu voltar pra sua terra natal, o Rio de Janeiro.  
Chegaram ao Rio de Janeiro com uma mão na frente e outra atrás. No começo moraram com a mãe de Irene no morro do Trololó..é..o Trololó mesmo e viviam da pensão que a senhora recebia do marido morto. Eusébio guerreiro como ele só correu atrás e arrumou emprego em um bar voltando assim a seu começo de vida. Ralou, ralou muito e conseguiu comprar uma Kombi e com ela fazer lotação.
Pra quem não sabe nos grandes centros do Brasil algumas pessoas trabalham com kombis e vans as utilizando como meio de transporte porque o sistema de transportes do país é péssimo e não consegue atender toda a população. Então Eusébio trabalhava até 14 horas por dia dirigindo e levando as pessoas a seus destinos.
Com o tempo conseguiu juntar um dinheiro e saíram do Trololó. Alugaram uma quitinete por coincidência virando meus vizinhos e Eusébio conseguiu comprar um caminhão e trabalhar em mudanças com ele, alugou a Kombi e também tirava daí fonte de renda. As coisas melhoraram um pouco e o casal entrou na fila de adoção, adotaram um menino chamado Kevin e a essa altura tinha quatro anos.
Viviam um bom momento familiar e dentro do possível bom momento financeiro.
Vocês devem estar perguntando o que a história do Eusébio tem a ver com a do livro, vão entender a partir de agora.
Senador Getulio Peçanha, meu dileto ex sogro todos os anos doava brinquedos para um orfanato de sua fundação. Acho que era uma forma de limpar um pouco sua consciência das canalhices que cometia contra o povo brasileiro. Conversando com Juliana contou que estava na época de fazer as doações e iriam contratar uma empresa de transportes para que mandasse um caminhão para a entrega.
Juliana e eu éramos padrinhos de Kevin e como ela sabia que agora ele trabalhava com caminhão e das dificuldades que passavam disse que conhecia um caminhoneiro bom e de confiança e perguntou se podia indicar. Getulio sempre fazia as vontades da filha, principalmente por ela ter me largado e topou.
No dia que Juliana foi até a mim e falou que estava orgulhosa da reportagem e estava preocupada comigo perguntou se eu tinha o telefone de Eusébio, respondi que sim e passei pra ela. Da minha casa mesmo ligou para nosso compadre e marcou o serviço com ele, seria pro dia seguinte, dia que também chegariam os caminhões de drogas. 
Eusébio carregou o caminhão com os brinquedos e partiu rumo ao orfanato para o senador fazer sua boa ação e garantir mais uma eleição. No meio do caminho deu uma grande dor de barriga nele, bateu o desespero que só alguém apertado pra cagar já sentiu na vida e parou em um bar.   
Entrou correndo no bar e pediu a chave pro homem que estava no balcão, perguntou se no banheiro tinha papel e o homem respondeu que sim. Eusébio abriu a porta e fechou rapidamente pra se aliviar.
Enquanto o pobre homem respirava aliviado no banheiro outro homem parava com caminhão na frente do bar. Buzinou pela última vez para o amigo motorista que estava no outro caminhão e não parou seguindo seu destino. Desceu correndo como Eusébio, mas a necessidade dele era outra. Estava louco por uma cachaça.
Sentou e em espanhol pediu uma branquinha, o homem no balcão não entendeu muito aquele linguajar, mas quando o cliente fez sinal com os dedos do que queria entendeu, era uma espécie de linguagem universal. O atendente encheu o copo do homem que deu um gole aliviado.
Enquanto isso Eusébio saía do banheiro entregava a chave e agradecia, esbarrou sem querer no homem com a cachaça e pediu desculpas sendo prontamente desculpado. Tinha outro caminhão parado junto ao seu e os dois eram iguais, mas Eusébio não se ligou nesse detalhes subiu, fechou a porta e estranhou o fato da chave estar na ignição, rindo pensou “é, eu estava apertado mesmo” deu a partida e foi pro orfanato.  
O outro homem acabou de beber pagou e saiu. Entrou no caminhão e quando tentou pegar a chave no bolso não achou nada, também não tinha chave na ignição. Soltou um “carajo” e chegou à conclusão que na pressa para beber perdeu a chave. Como já tinha sido assaltante de carros fez uma ligação direta e foi embora com o caminhão. 
O leitor esperto já reparou que eles pegaram os caminhões trocados e isso parceiro..foi uma grande cagada.
Eusébio chegou buzinando no orfanato e as crianças vibraram já sabendo o que era. Eu estava lá com cara de entediado cobrindo a entrega pro jornal o senador nem olhou pra mim no tempo que esteve lá. Quando Eusébio entrou no orfanato deu pra ouvir Getulio falar para um assessor baixinho “chegou puta que pariu, não agüentava mais esses remelentos”.
O caminhão parou e Eusébio desceu. Getulio chegou perto dele e falou “tá atrasado porra” Eusébio pediu desculpas e Getulio fez um discurso ao lado dos artistas de circo que tinha contratado pra se apresentar no dia. No discurso falava da importância da criança, que os pequeninos seriam o futuro do Brasil e que tinha certeza que o que tinha naquela caçamba seria muito útil para eles e seu futuro e que sempre olhassem para o que tinha ali com carinho e lembrassem-se do “tio Gegê”.
Getulio mandou que Eusébio abrisse a caçamba e ele abriu.
Enquanto abria Getulio virou-se para as crianças e disse “crianças aproveitem tudo que tem aqui não deixem sobrar nada” quando se virou para a caçamba gritou “puta que pariu!! Que porra é essa??” .
O caminhão que era para estar entupido de brinquedos estava entupido de cocaína.
É malandro, o cara que parou no bar pra beber cachaça era um dos caminhoneiros que viam pro Brasil com drogas do Cartel colombiano.
A imprensa entrou em alvoroço com a cena e dispararam flashes pra caçamba lotada de pó e a cara assustada do senador na frente dela. Eusébio ao lado olhava sem entender nada e eu rapidamente cheguei e falei para que se mandasse que iria sobrar pra ele e me encontrasse em uma hora na redação do jornal. Eusébio notou que a coisa estava preta e se mandou. 
As crianças perguntavam o que era aquilo, os educadores assustados tentavam tapar seus olhos e tirá-las do local enquanto a imprensa toda cercava o senador fazendo perguntas e ele branco só conseguia gaguejar. Eu não sabia se ria ou gargalhava em ver aquele filho da puta naquela situação embaraçosa, até que meu telefone tocou.
Era Pardal que desesperado me perguntava se eu tinha noção do que tinha ocorrido, respondi que sim que provavelmente ele estava agora no morro com um caminhão cheio de brinquedos. Pardal perguntou como eu sabia e respondi que naquele momento o carregamento de pó dele estava em um orfanato com o senador Getulio Peçanha e a imprensa toda fotografando.
Pardal estava muito puto e disse que queria a cabeça do caminhoneiro que tinha feito aquela merda, que o caminhoneiro que levou os brinquedos ao morro já estava no “microondas”, mas queria também a do que levou a droga dele errado. Nesse momento vi o Major Freitas entrando no orfanato com policiais e mandei que ele se acalmasse porque talvez desse pra resolver.
Desliguei e puxei o Major pra um canto perguntando se ele sabia de quem era aquele pó. Freitas respondeu que sim e que depois resolveria as coisas com Pardal, mas antes daria uma de herói com a sociedade. Chamou a imprensa que estava no local e fez um grande discurso falando que aquele era fruto do trabalho da polícia do estado e que era a maior apreensão de drogas da história do Rio e todos deviam ficar orgulhosos.
 Getulio nesse instante passa por mim e fala no meu ouvido “olha lá o que você vai publicar”, respondi “deixa comigo sogrão” e ele partiu com assessores enfurecido.
Depois de se livrar da imprensa Freitas chega em mim e pede pra eu ligar pro Pardal. Ligo e passo o telefone pra ele, os dois conversam um tempo e ele devolve o telefone dizendo que Pardal quer falar comigo atendo e ele diz que vai conseguir a droga dentro de alguns dias, mas vai morrer numa grana preta pro Freitas entregá-la e que não queria mais a cabeça do caminhoneiro, queria a cabeça e o fígado pra comer em um churrasco.   
O Eusébio estava fudido.
Cheguei à redação e o Eusébio já estava lá. Chamei meu compadre num canto e falei o mesmo que falei pra vocês ele estava fudido. Não só Pardal tomou prejuízo feio com aquela troca, mas todos os morros da facção que ele pertencia e o prejuízo só piorava pelo fato da droga da outra facção ter chegado direitinho e não só Pardal queria sua cabeça provavelmente o senador também iria querer.
Eusébio perguntou o que fazer. Entreguei um envelope em sua mão e falei que ali tinha um bom dinheiro e que ele fosse pra casa imediatamente pegasse Irene e Kevin e se mandasse do Rio voltando pra Recife. Eusébio ainda tentou argumentar dizendo que não podia fazer isso porque sua vida toda estava na cidade. Peguei seu rosto com as mãos e cara a cara falei sério que se ele não fosse nem vida ele teria mais, que ele saísse da redação e fosse o mais rápido possível pra casa e se mandasse do Rio.
Eusébio seguiu os meus conselhos e correu pra casa. Entrou esbaforido e mandou que Irene fizesse as malas deles que tinham que ir embora. Ela perguntou por que o que tinha ocorrido e se ele tinha a ver com a bomba que saiu no noticiário do senador Getulio Peçanha ter entregado drogas pra crianças de um orfanato. Eusébio mandou que ela não fizesse perguntas e arrumasse logo as coisas. Percorreu toda a casa e perguntou onde estava Kevin, a esposa respondeu que ele estava na casa da mãe.
E como eu já tinha dito pra vocês ela morava no Trololó.
Eusébio quando soube deu um chute na cadeira. Irene se assustou com a reação do marido que gritava que o filho poderia estar em qualquer lugar do mundo naquele momento Iraque, Afeganistão, menos no Trololó. Irene perguntou por que, mas o marido nem lhe deu ouvidos foi até a cabeceira da cama e pegou um revolver. A mulher se desesperou perguntando o que ele iria fazer com aquela arma.
Eusébio mandou que ela fosse pra rodoviária. Entregou um dinheiro e mandou que comprasse duas passagens pra Recife no último horário e que se eles não chegassem lá a tempo que ela fosse embora.
Pegou o carro do casal e foi embora deixando a mulher chorando.
Eusébio sabia que era arriscado demais, mas não podia deixar seu filho pra trás. Parou o carro no pé do morro e subiu a pé. Passou por soldados do tráfico e escondendo o rosto os cumprimentou, conseguiu chegar até a casa da sogra e notou que a porta estava um pouco aberta.
Devagarzinho mexeu na porta e viu seu filho brincando com um mini game no sofá e numa cadeira na frente dele um homem armado, olhou mais atentamente e viu na entrada do quarto sua sogra caída no chão e uma poça de sangue ao lado. Tinham matado a mulher.
O homem com a arma perguntou se Kevin estava com fome e ele respondeu que sim. Ele se levantou e foi pra cozinha. Nesse momento Eusébio entrou na casa e pediu silêncio ao filho que ficou quieto. O homem voltou da cozinha perguntando se Kevin gostava de miojo quando deu de cara com Eusébio. Chegou a levantar a arma, mas antes disso Eusébio o alvejou três vezes matando o bandido.
Kevin começou a chorar e Eusébio pegou pelo braço e saiu correndo da casa pedindo para que ele ficasse quieto. Saíram da residência e deram de encontro com um carro e pra piorar era o meu carro!! O importado que eu dei entrada e pagava a suaves prestações.     
Aproveitou que no morro não tem assaltos e eu deixei a chave na ignição e saiu em disparada quase atropelando os soldados do tráfico que reagiram atirando. Eusébio mandava o filho abaixar e seguia descendo o morro com meu carro até que atropelou um homem e bateu no poste. O homem era Pardal e eu estava do lado dele.
 Pardal engatilhou o fuzil e disse que o cara iria morrer e notou que era Eusébio. Enquanto ele gritava “caminhoneiro filho da puta” eu gritava “meu carro”. Eusébio viu que Pardal iria atirar e deu marcha ré o atropelando de novo e se mandando. Pardal irritado levantou capengando e tirou um cara que estava chegando com seu carro de dentro do veículo correndo assim atrás de Eusébio.
E a perseguição saiu do morro e ganhou o asfalto. Curió perguntou o que acontecia eu expliquei e ele chamou a rapaziada para ir atrás enquanto eu ficava no morro lamentando por meu carro. A perseguição pelas ruas do Rio ganhava contorno hollywoodiano, Eusébio metia o pé no acelerador com Kevin chorando no banco de trás e Pardal logo atrás perseguindo e não podendo atirar e dirigir ao mesmo tempo.
Até que Pardal alcançou o carro e bateu nele com violência. O carro de Eusébio parou e ele não conseguiu ligar mais. Pardal puto da vida desceu do carro sem o fuzil e disse que iria matá-lo, mas antes iria meter muita porrada.
Tirou Eusébio que estava meio zonzo com a batida do carro, deitou o homem no chão e começou a socá-lo gritando que era pra ele sentir dor porque depois iria sentir o gosto do seu fuzil. Socou durante algum tempo até que ouviram o barulho de uma sirene e depois que parassem.
Dois policiais apontaram armas pra eles e mandou que levantassem. Pardal na hora os reconheceu, eram os que mataram seu irmão. Perguntaram que bagunça era aquela, mas os dois não responderam. Encostaram Pardal e Eusébio na viatura e revistaram os dois lhes viraram de frente e perguntaram o que estava acontecendo. Eles não reconheceram Pardal, não digo reconhecer como o moleque que bateram, mas não reconheceram ali o principal traficante da cidade.   
Pardal e Eusébio ficaram mudos, Pardal com olhar furioso para os dois. Um dos policiais falou então que eles gostavam de ser valentões então queria ver até onde iria a valentia deles. Deram tapas na cara dos dois que não reagiram. Depois de alguns tapas resolveram se concentrar em Pardal. Um dos policiais, justo o negro, disse que tinha certeza que a culpa era do “macaco” e que ele tinha que aprender a não fazer merda na rua.
E assim começaram a bater em Pardal, bateram muito. Eusébio todo quebrado caído no chão não podia fazer nada. Eram socos, chutes, porretadas, Pardal nunca tinha apanhado tanto na vida. Em um momento agacharam Pardal no banco do motorista da viatura e enfiaram o cassetete na sua bunda. Pardal berrava de dor enquanto os policiais riam.
Pardal não sairia vivo dessa..não adiantava gritar que não sabiam quem ele era que poderiam ganhar muito dinheiro com ele. Os policiais não queriam dinheiro queriam torturar, matar. Iriam brincar de dar porrada no Pardal até cansarem e executarem. Eusébio temia por sua vida achava que depois que matassem Pardal ele seria o próximo como queima de arquivo.
Depois de muita porrada ouviu-se um grito de “para filhos da puta!!” Quando os policiais olharam viram Curió e mais dez homens com fuzis na mão. Curió gritava que eles parassem e jogassem as armas no chão, os dois com trinta e oito na mão não seriam páreo para os bandidos e jogaram as armas. Curió perguntou se Pardal estava bem e ele respondeu que não. Curió então mandou que os comparsas levassem os quatro, Eusébio, Kevin e os dois policiais pro morro.
O bando já tinha dominado Eusébio quando Pardal mandou que largassem. O traficante chegou em Eusébio e mandou que ele fosse embora com o filho e que nunca mais queria ver sua cara senão morria a família toda. Curió perguntou por que ele tomou aquela atitude Pardal virou para os policiais já dominados e disse que tinha “contas a acertar com aqueles filhos da puta”.
Eusébio agradeceu entrou no meu carro e conseguiu dar partida nele indo embora com Kevin enquanto Pardal e os bandidos voltavam pro Trololó.
Eusébio e Kelvin chegaram à rodoviária Novo Rio e encontraram Irene na frente dela. A mulher abraçou o marido e perguntou que carro era aquele e porque estava naquele estado. Eusébio deu um sorriso e respondeu que a viagem era longa e teria muito tempo nela pra contar.
Enquanto Eusébio, Irene e Kevin embarcavam e partiam pra Recife os policiais eram torturados no morro sendo esquartejados vivos e depois suas cabeças usadas para animadas partidas de futebol.       
O ônibus de Eusébio fez a parada e ele desceu com dor de barriga novamente, mas dessa vez anotou no celular a numeração do ônibus pra não pegar errado depois.
Era o trauma, esse nunca mais pegaria nada errado na vida...




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